Praticamente tudo o que diz respeito ao Vale chegou através do Rio Taquari, uma via de comunicação com a história e com o progresso
Foto por Edson Porto Cardoso
O solo de um dos vales mais férteis do mundo pisado por alemães, italianos, portugueses, negros e índios é banhado pelo Rio Taquari, artéria natural que transporta prosperidade à região, além de ser fonte indispensável de vida. A navegação por esse curso dágua está encravada na história dos seus habitantes. O desbravamento do Vale ocorreu através do Rio Taquari, tendo atingido o seu apogeu no período compreendido entre os primeiros anos do século XX e a década de 1940.
Inicialmente, o rio recebeu os índios Patos, que o usavam para se deslocar por essas áreas de natureza exuberante. Mais tarde, no século XVIII, o Taquari serviu como estrada para os primeiros colonizadores açorianos. No século seguinte, foi a vez de as imigrações alemã e italiana o usarem como caminho para chegar às novas terras. Por muito tempo, o rio constituiu a única via de penetração nos territórios do Vale.
O RIO DE TEMPO: Pelo Rio Taquari chegaram imigrantes, produtos, notícias; pelo Rio Taquari circulam hoje as riquezas e a cultura regional
De acordo com o historiador José Alfredo Shierholt, o governo imperial concedia a subvenção anual de três contos-de-réis à embarcação que navegasse de forma regular até às sedes das colônias de Estrela e de Conventos (Lajeado), fator aproveitado pelos empresários José Inocêncio Pereira e Abel Correa da Câmara, da Companhia de Navegação Jacuí. Os fundadores das colônias duas colônias tinham seus barcos próprios. Antônio Filho de Vargas havia adquirido o lanchão "Especulação"; e Antônio Vítor de Sampaio Mena Barreto possuía o vapor "Estrela", em 1860, e o "Temerário", comprado 14 anos depois.
Schierholt destaca que os imigrantes alemães também investiram em transporte fluvial. Um dos colonos de maior influência no Vale do Taquari foi Jacob Arnt, que fundou a Companhia de Navegação Rápida Arnt, em 1875. Foi a empresa que mais prestou serviços à população do Vale e que impulsionou o progresso dos municípios banhados pelo rio, numa época em que os outros meios de transporte eram muito precários.