Muçum - O principal projeto turístico regional foi apresentado ontem. Sebrae, Amturvales e Associação Brasileira das Operadoras de Trens Turísticos e Culturais (Abottc) detalharam a rota de 63 quilômetros entre Estrela e Guaporé. Outros cinco municípios – Colinas, Roca Sales, Muçum, Vespasiano Corrêa e Guaporé – integram a lista de cidades contempladas. 01O lançamento oficial é a primeira parte do projeto. A partir da estruturação da rota, das negociações de exploração da ferrovia definida, o desafio é ampliar e preparar as atrações turísticas na região. Só o trem é insuficiente. Para atender os turistas e consolidar o passeio pelos trilhos, investimentos são determinantes. Uma série de reuniões ocorrerá nos próximos meses em busca de estratégias conjuntas entre os municípios. Diagnóstico sobre as carências e os potenciais foi feito por Marcelo Adriano, contratado para ser o interlocutor da Amturvales com os empresários e investidores. Para ele, o momento exige planejamento integrado com os gestores de cada cidade. “Não podemos fracionar as atrações. O segredo é criar um conceito de região capaz de pluralizar as ofertas aos turistas”, alerta Adriano. O trabalho é acompanhado por Gilberto Keller, secretário executivo da Amturvales. Ele alerta para o cuidado de não repetir atrações nos municípios e na importância de identificar singularidades de cada povo. “A partir disso, o turista terá mais opções e ficará mais tempo no Vale.” Qualificar quem trabalha com turismo é outra necessidade, observa o presidente da Amturvales Vanildo Roman. Ao comemorar o lançamento do trem turístico, convoca para a continuidade do trabalho. “Não adianta termos roteiro de trem sem ter pessoas preparadas para receber bem os visitantes.” Romam falou em cursos e treinamentos específicos nos próximos meses para chegar em março de 2015, aptos a iniciar os passeios. O lançamento integrou a programação da Semana Farroupilha de Muçum, principal evento tradicionalista da região. O prefeito Lorival Seixas classificou o momento como histórico. “Nossa comunidade tem muita relação com a ferrovia. A partir da consolidação da rota turística, abre-se um novo cenário de desenvolvimento e atração de investimentos”, entusiasma-se. Lembra de outra rota turística a ser desengavetada. O Caminhão do Pão e do Vinho, para o prefeito, serviria de elo entre o Vale do Taquari e a Serra Gaúcha. “Isso é outra bandeira a ser trabalhada agora.” Prefeitos engajados Volnei Cover, vice-presidente da Amvat e prefeito de Dois Lajeados, afirma que fora adquirido uma área de 250 hectares ao lado dos trilhos e diz que será construído no local o Museu da Ferrovia. A ideia é parar o vagão e realizar uma caminhada de 800 metros em meio à vegetação e às quedas d’água existentes. Para Cover, reformar as estações férreas, fortalecer as rotas e roteiros existentes e investir na infraestrutura integram uma lista de necessidades para a efetivação do projeto. O turismo de compras e negócios é uma das principais oportunidades. A cidade de Guaporé tem cem anos de história na produção de joias e gemas e pouco mais de 20 anos na produção de moda íntima. Desponta hoje com duas frentes de destaque no Brasil: é o segundo polo nacional da moda íntima e da semijoias. Para o prefeito de Guaporé, Paulo Mazutti, o município que tem mais de 500 microempresas quer duplicar o número de lojas no Centro Comercial. Um novo hotel será construído às margens da RS-129 com a capacidade para 120 leitos. “Ficará a cem metros da ferrovia.” A aposta do prefeito de Rocas Sales, Nédio Vuaden, são os condomínios de leite e de suínos, as propriedades rurais e o agronegócio. “Claro, com estrutura e integração das pessoas”. O chefe do Executivo de Colinas, Irineu Horst, comemora: é a oportunidade de a cidade despontar de vez no turismo. A representante do Sebrae Nacional Andrea Faria afirma que é preciso acordos no setor privado e aponta isto como um norte para o sucesso da rota. Segundo ela, na serra, medidas assim foram tomadas para consolidar o que hoje movimenta milhões em turismo nessas cidades. “Turismo é rede e é fundamental que aja acordos e planos de trabalhos bem elaborados”. Comenta que a visão de ‘concorrentes inimigos’ deve ser superada entre os empresários. O medo e a desconfiança sobre investimentos para turismo existe, mas pode ser reduzido, uma vez que há orientação técnica para minimizar o fator risco. “Todo empreendimento é uma aposta. Os acordos entre os comerciantes e empresários é que podem consolidar as iniciativas que possibilitarão lucros maiores”. Fonte: Jornal A HORA