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Série Gente que acredita no turismo - do Jornal Opinião - Ervateira Ximango

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Na época, há cerca de 40 anos, quase todas as famílias tinham uma unidade de secagem, os denominados barbaquás, que preparavam a erva cancheada. "Vivo isso desde berço. Vendíamos para indústrias, principalmente, as de Venâncio Aires, que processavam essa erva-mate. Depois, abandonamos o barbaquá e continuamos com a produção da erva verde", lembra Valcir.

Em 1986, junto com o sócio Sérgio Dallacqua, 61, colocou em ação a Ximango. Localizada em Ilópolis, a fábrica ocupa um terreno de 14 mil metros quadrados, com 2,6 mil de área construída. Em Lajeado fica o Centro de Distribuição. Ao todo são 73 funcionários. Durante a semana, de 10 a 20 produtores instalados na região que compreende os municípios de Doutor Ricardo e Soledade entregam a matéria-prima na empresa. "Quando não chove recebemos de 30 a 50 toneladas de folha verde por dia", conta Valcir.

Atualmente, os principais mercados de atuação da Ximango são os Vales do Taquari, Rio Pardo e Caí, além da Grande Porto Alegre, serra e região central. Entre os produtos encontrados pelo consumidor estão a Erva-Mate Nativa, Moída Grossa, Tradicional, Suave e os Compostos. "Diariamente faço meu chimarrão com uma variedade, faço questão de experimentar tão logo saia da produção. E gosto mais da Nativa", diz Valcir."O nosso carro-chefe é a Tradicional", acrescenta a gestora de qualidade, Juliana Montagner, 31 anos, filha de Valcir. Durante quatro anos, ela morou na Itália, onde fez pós-graduação em gestão empresarial. Há dois anos e meio, retornou para o Brasil para auxiliar na administração da empresa.

Surpresas

Ciente do potencial turístico da região Alta do Vale do Taquari, Valcir idealizou uma estrutura que possibilite ao visitante conhecer o processo de fabricação da erva-mate Ximango de perto. Tanto que a segunda unidade da empresa já foi construída com uma rampa exclusiva para o turista circular pelo interior do prédio. O próprio empresário orienta a visita e explica cada etapa, desde a chegada da matéria-prima, a secagem nos fornos gigantes, até o empacotamento. "Sempre tivemos vontade de divulgar Ilópolis como a cidade da erva-mate. Assim, além de mostrar a indústria, pensamos em atrair as pessoas para conhecerem a região e o processo produtivo da erva", comenta Juliana.

O chimarrão com erva da Ximango acompanha o passeio. Um vídeo com imagens que reconstroem o processo histórico da erva-mate, desde o tempo dos índios até a atualidade, também é exibido. Segundo Juliana, a maioria dos visitantes se surpreende. "As pessoas nos confessam que não imaginavam como é trabalhoso fazer um pacote de erva. Até brincam que não vão mais reclamar do preço. Temos este retorno positivo dos turistas, impressionados com o processo de transformação", conta. Depois da atividade, eles recebem brindes e folhetos informativos.

A escolha do nome

A ideia de Valcir era vincular a marca ao tradicionalismo e atingir, sobretudo, o mercado da fronteira gaúcha. Inicialmente, dois nomes foram criados: Sentinela e Ximango. "Na época, trabalhamos muito forte a Sentinela, o rótulo era o desenho da ave quero-quero. O produto era melhor, folhas selecionadas, mas o consumidor não assimilou, optou pela Ximango", conta o empresário. "Com isso abandonamos a Sentinela e passamos a usar o produto na Ximango. São situações de mercado".

Qualidade

Em 1997, a Ximango aderiu ao Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade (PGQP) e, anos mais tarde, recebeu o Selo de Certificação de Qualidade da Emater/RS. Com ele, o acompanhamento do processo é completo, desde o plantio até a venda final. "Temos um sistema de parceria com o produtor. Um ano antes, ele já agenda a semana e a quantidade que vai colher. Sabemos, exatamente, o que estamos recebendo", comenta Valcir, que já implantou este sistema antes mesmo da certificação.

Há cerca de um mês, a empresa iniciou também o Planejamento Estratégico, que vai direcionar as ações para os próximos cinco anos. "Estamos projetando o lançamento de novos produtos", diz o diretor. A embalagem a vacuo deverá, gradativamente, substituir as tradicionais.

Na Rota

A Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales (Amturvales) acompanha as ações da Ximango em prol do turismo. A turismóloga Lizeli Bergamaschi entende que o empreendedor é aquele que detecta uma oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ele. "Nesse caso, a Ximango, através de seus proprietários, ao longo desses anos, buscou investir e ampliar a indústria para que ocorresse a visitação interna", diz. "A ervateira está inserida na Rota da Erva-Mate e vem recebendo diversos grupos, entre eles estudantes, terceira idade, clube de mães e pessoas em geral".

Conforme Lizeli, outra questão importante é que, através da visitação na indústria, os proprietários obtém o contato direto com o cliente consumidor. "É algo muito positivo, pois consolida cada vez mais a imagem de qualidade da empresa no mercado", argumenta.

Confira o Especial em: WWW.OPINIAOJORNAL.COM.BR

TEXTO/FOTOS: DIOGO DAROIT FEDRIZZI/JORNAL OPINIÃO

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