Fechar Pop up

FIQUE INFORMADO

Série Gente que acredita no turismo - do Jornal Opinião - Agroindústria Pitol

[gallery]

A fabricação de guloseimas à base de nozes começou em julho de 2008. Tradicional produtora de mudas de nogueira pecã, desde a década de 60, a família Pitol resolveu apostar também na industrialização do fruto. O precursor foi Luizinho, 71 anos, um dos pioneiros a trabalhar com o enxertamento e viveiros de nogueiras. Hoje, o negócio é administrado pelos filhos Leandro e Lênio. São seis hectares de viveiros e 25 hectares de nogueiras.

A família Pitol sempre viveu da venda de mudas de nogueira. "Ainda é o nosso carro-chefe", explica Luizinho. Porém, depois de perceber nos compradores incertezas sobre o destino da noz, resolveram instalar a agroindústria. "As pessoas que compravam as nossas mudas tinham dúvidas sobre o destino da noz, para quem elas iriam vender. A ideia da agroindústria nos oportunizou a venda de mais nogueiras e ainda fazermos o ciclo completo: vender a muda, comprar a noz, industrializar e comercializar o produto", acrescenta Leandro.

Em 2008, a Pitol produziu 30 toneladas. A projeção para esta temporada é de 130 mil quilos.

Noz caramelada

Uma das primeiras receitas que saíram das panelas da agroindústria foi a noz caramelizada. Depois vieram a sovada, moída grossa e fina, rapadura, farinha, noz doce e salgada e chá. Hoje a linha de produtos chega a 14 variedades que são distribuídas para as redes de supermercados Walmart e Zaffari. Também são exportadas para Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo. "A mais procurada é a moída pronta, vai direto para padarias e confeitarias", explica Clarinda, esposa de Leandro. "No Rio de Janeiro, também comercializamos bastante para sorveterias".

Etapas da produção

Antes de chegarem ao consumidor, as nozes passam por um processo de produção cansativo, que mistura trabalho manual com a ajuda de equipamentos. Após serem descarregadas do caminhão, as nozes com casca são lavadas e secadas. Depois, ficam armazenadas em sacos de 30 quilos numa câmara fria. Uma máquina descasca e os funcionários fazem a classificação manual. "É um trabalho minucioso, separamos as nozes em inteiras, pedaços e pedaços menores, de acordo com as características", explica Clarinda.

A próxima etapa é a cozinha. Clarinda é quem dá o ponto do açúcar que será misturado com as nozes. Ela também supervisiona as outras receitas. Dali, as nozes seguem para o departamento de empacotamento e, por fim, para a expedição. Ao todo, 14 funcionários trabalham na Agroindústria, a maioria é integrante da família Pitol. O prédio ocupa uma área de 350 metros quadrados.

Showroom e Memorial

A Agroindústria Pitol é ponto de visitação de turistas que se deslocam até a região Alta. Na semana passada, por exemplo, uma excursão com 49 moradores de Imigrante desembarcou em Anta Gorda. "O perfil do visitante é variado, uns vêm por curiosidade, outros nem sabem o que é, outros têm as nozes em casa e querem ver como é feito, tem aqueles que vêm por causa do viveiro", comenta Clarinda.

Atenta ao crescimento do turismo, a Pitol espera finalizar nos próximos meses a construção de uma obra que deverá se transformar em mais um atrativo do Vale do Taquari. Um quiosque, erguido no meio de um buraco, que se transformará em lago, receberá turistas e compradores. A estrutura será fechada com vidro. "Quero fazer um memorial, colocar um showroom para vender os produtos e instalar um telão para reproduzir vídeos com a história da nogueira e de Anta Gorda", destaca Leandro. Para preencher o espaço com água, Pitol canalizou os telhados próximos e mais duas nascentes. "Vamos colocar peixes, mas não para pescar". O investimento se aproxima de R$ 400 mil.

Para o futuro, a meta é manter os investimentos, mas sempre com cautela. "Temos condições de dobrar o nosso potencial. Já compramos uma máquina dos Estados Unidos para quebrar e descascar a noz. Sempre queremos crescer", afirma Leandro.

Amturvales valoriza

Para a turismóloga da Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales (Amturvales), Lizeli Bergamaschi, o turismo vem crescendo significativamente no Vale do Taquari. Segundo ela, de olho nesse mercado, empresários locais despertam para a atividade e iniciam investimentos para aproveitar este setor que é gerador de emprego e renda.

"Podemos notar nos proprietários da Agroindústria Pitol, o interesse em investir num espaço que tornará a visita do turista ainda mais agradável. Eles já vêm recebendo muitos grupos de turistas e viram a necessidade, tanto de qualificação de mão de obra relacionada ao bem receber e atender, como também de investir na infraestrutura do local. Com isso cada vez mais turistas serão atraídos, fato que irá contribuir também com o desenvolvimento econômico da cidade", comentou Lizeli.

Curiosidades

*O município de Anta Gorda ostentou na década dos anos 70 o título de capital nacional da nogueira pecan. O primeiro prefeito da localidade, senhor Arminho Miotto, introduziu o cultivo da nogueira no início dos anos 60 com sementes importadas dos Estados Unidos e Canadá. Ele acreditava que essa seria, no futuro, uma importante alternativa de renda nas propriedades rurais.

*Ao longo dos 40 anos, a família Pitol selecionou e desenvolveu as quatro variedades de nogueira pecã que melhor se adaptaram às condições climáticas da região. São elas a Pitol 1 (melhorada), Pitol 2 (importada), Barton e Imperial.

*Luizinho Pitol conta que só recentemente as pesquisas científicas sobre nogueira pecã começaram a se intensificar. Ele cita a participação da Emater e da Universidade de Santa Maria. "Os cursos de Agronomia nunca estudaram sobre nogueira, agora parece que está evoluindo", diz. "No nosso tempo, sempre observamos mais no olho, até encontrarmos as variedades de mudas que melhor se adaptassem ao nosso clima". Além de participar de feiras para comercializar os produtos, a família Pitol também acompanha congressos sobre a nogueira. No mês de junho, uma comitiva esteve na Argentina assistindo a palestras de especialistas na produção.

Confira o Especial em: WWW.OPINIAOJORNAL.COM.BR

TEXTO/FOTOS: DIOGO DAROIT FEDRIZZI/JORNAL OPINIÃO

Embora não utilizemos cookies próprios, nosso site integra funcionalidades de terceiros que acabarão enviando cookies para seu dispositivo. Ao prosseguir navegando no site, estes cookies coletarão dados pessoais indiretos. Recomendamos que se informe sobre os cookies de terceiros.

Leia nossa política de privacidade.