Uma das maiores encenações do Vale do Taquari, a Paixão de Cristo de Muçum chega a sua edição de 2019 com fôlego de iniciante. No dia 19 de abril, a pequena cidade de aproximadamente cinco mil habitantes, receberá milhares de pessoas para assistir, de maneira única e especial, à encenação dos últimos momentos de Jesus Cristo na Terra. O evento ocorre a partir das 20h, na Praça da Matriz, área central da cidade. O evento é realizado pela Associação Muçunense de Artes e Prefeitura de Muçum.
Para que o conjunto da obra impressione quem for assistir, o espetáculo é pensado em cada detalhe: do figurino à sonoplastia; dos cenários à escolha do elenco. “Assim que finalizamos a encenação, já começamos a programar o ano seguinte. O nosso desafio é surpreender o público a cada edição”, afirma o presidente da Associação Muçunense de Artes e diretor do espetáculo, Ranieri Moriggi.
Entre as novidades, está a reformulação de todo o texto, com a inserção de novas cenas e personagens. Segundo Moriggi, a história é a mesma, porém, sempre há o desafio de contá-la de formas diferentes. “Somos todos amadores. Ninguém é profissional ou tem formação para o teatro, inclusive eu. Reformulamos nossa peça, no sentido de dar mais dinamismo e levar Jesus e todos os demais personagens mais próximos ao público. Não no sentido de distância, mas sim, de mostrar que eram humanos e que tiveram seus problemas e crises durante sua passagem na terra. Foi difícil escrever um texto novo. Creio que o público vai gostar”, explica.
Outra mudança é a reforma dos cenários que passaram por acabamentos e nova pintura. O figurino de todo o elenco também passou por algumas mudanças, mas sem perder a identidade original. Serão mais de 250 peças utilizadas nos cerca de 85 artistas. “Ao longo da nossa trajetória, trabalhamos para apresentar ao povo de Muçum e visitantes, um momento de arte, cultura, reflexão e lazer. E o mais incrível de tudo isso, de forma gratuita, sem cobrança de ingresso”, salienta Moriggi.
Para a primeira dama e secretária municipal de Ação Social, Cultura, Turismo e Desporto, Jacinta Casagrande, a Paixão de Cristo de Muçum só pode ser realizada, graças ao voluntariado e a cooperação entre o Poder Público e a comunidade. Ela salienta ainda que é notório ver no rosto de cada participante o amor e a dedicação colocados em prática para retratar a história de fé. “A Paixão de Cristo é um evento que têm crescido com o passar dos anos, sendo fundamental para fomentar o turismo, já que grande parte do público vem de toda região e diversas partes do Estado. Sabemos também que o evento só é possível com o comprometimento dos integrantes da AMA, que se dedicam sem medir esforços para alcançar sempre o mesmo resultado exitoso”, salienta.
Participante desde o ano de 2002, Renan Nardin, que interpreta o governador Pôncio Pilatos, afirma que a cada ano é uma expectativa e emoção diferente. Ele ressalta que a edição de 2019 vem cheia de novidades, fruto de um trabalho feito por muitos e que se fazia necessário, pois o público que vem para a cidade assistir à encenação espera, a casa ano, uma surpresa. “Estou muito ansioso para ver o resultado de um trabalho totalmente novo este ano. Pois foi inovado o texto, figurino e cenários. Fico muito feliz em estar participando desde o início deste espetáculo. Eu pude vivenciar toda evolução que cada vez mais encanta Muçum e região”, comenta.
Histórico
Há mais de três décadas, encenações na semana Santa eram organizadas pelas irmãs Scalabrinianas, sob a coordenação da religiosa Adiles Lúcia Menti e com a parceria de grupos paroquiais. Desde 2002, o olhar visionário que um grupo de jovens, que viu a possibilidade de ampliar o trabalho pastoral, com o esforço de dezenas de operários e dias intermináveis de trabalho árduo, fez com que a Paixão de Cristo de Muçum se transformasse em um evento religioso-cultural, colocando o município no rol de eventos culturais.
Por toda a sua importância cultural e histórica, o conjunto da obra, faz com que a Paixão de Cristo de Muçum seja reconhecida no Calendário Oficial de Eventos do município e do Estado.