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Fortalecer o turismo passa pela conexão entre setores

DEBATE-TURISMO-PENSAR-O-VALE-780x480 Os desafios para o desenvolvimento do turismo na região foram debatidos em evento realizado ontem à tarde, no auditório do bloco 11 da Univates. O local foi palco de assembleia geral da Amturvales, onde foi apresentado o diagnóstico regional do setor, seguido por edição do debate Pensar o Vale sobre o tema. Promovido pelo A Hora, o debate reuniu representantes do poder público, empresários e estudiosos para discutir os iniciativas capazes de transformar o Vale do Taquari em um polo de atração de turistas. Mediador do painel, o diretor de Conteúdo do A Hora, Fernando Weiss, iniciou as discussões fazendo a leitura de um documento publicado pela Amturvales em 1997. “Na época, já se falava sobre o potencial da região para o turismo, mas pouco avançamos”, ressalta. Mestre em Turismo pela UCS, a consultora do Sebrae Regina Cardona, lembra que não existem fórmulas prontas para o setor deslanchar, mas destaca a necessidade de unir os diferentes atores. Precisamos definir quais desses empreendedores e municípios estão realmente dispostos a participar desse projeto.” – Rafael Fontana, Presidente da Amturvales “O turismo depende da parceria entre empresas e entre o poder público e o setor privado”, resumiu. Para ela, o associativismo é uma das possibilidades interessantes diante das características regionais, e os municípios precisam comprar a ideia de desenvolver o segmento. Regina cita o diagnóstico da Amturvales para destacar a existência de 16 agências interessadas em trabalhar com a recepção de turistas na região e ressalta a necessidade de pensar ações diretamente com essas empresas. Além disso, destaca o grande número de eventos realizados no Vale, 196 no total. “Todos precisam passar por análise para saber o potencial para o turismo, mas para isso é preciso fazer a ligação com as agências de viagens para vender a região”. Para Regina, é preciso aproveitar o destino turístico de forma inteligente, o que inclui a organização dos produtos, serviços e a venda de roteiros da região. Para ele, a Amturvales pode cumprir o papel de incentivar todo esse processo. debate-pensar-o-vale Retomada do prestígio Presidente da Amturvales, Rafael Fontana reforça a necessidade de ampliar o número de empresas e municípios filiados à organização. Hoje, dos 37 municípios do Vale do Taquari, apenas 15 e mais 15 empresas privadas integram a associação. “Precisamos definir quais desses empreendedores e municípios estão realmente dispostos a participar desse projeto”, alerta. Lembra que esse trabalho não está sendo iniciado do zero. Segundo ele, nestes últimos 20 anos, empreendedores investiram na construção de roteiros que atraem visitantes regularmente. Só no ano passado, aponta, 57 mil pessoas passaram pelos roteiros turísticos da região. “Mesmo assim, precisamos estabelecer estratégias para crescer”, ressalta. Para isso, afirma, é preciso definir quais metas serão perseguidas, e monitorar os resultados. “A Amturvales liderará esse trabalho”, assegura. Para Fontana, ao longo dos anos, a entidade dispendeu muito tempo discutindo ideias que não foram efetivadas. Afirma que, independente do projeto a ser realizado, é necessário estruturar e organizar a atividade. Empresário do setor hoteleiro, Cristian Locatelli ressalta que a gestão do setor deve ser realizada com base em números. Lembra que os hotéis de Lajeado e arredores têm como cliente característico a pessoa que vem fazer negócios, seja no Vale ou em regiões próximas, como a Serra Gaúcha, o Vale do Rio Pardo e a Região Metropolitana. “Por termos hospital, universidade, eventos, agricultura, indústria e comércio forte, recebemos muitos assistentes técnicos, vendedores, professores e consultores que não vêm para passear”, relata. Para Locatelli, além do pouco tempo livre para passeios, esses clientes ainda têm poucas informações sobre roteiros e serviços. Informações integradas De acordo com Locatelli, hoje os empreendedores do setor se sentem inseguros no momento de passar informações sobre o turismo regional. Segundo ele, ainda existe um desconhecimento sobre quais locais ficam abertos, e em quais horários, e sobre a infraestrutura existente em cada destino. “Para mudar isso, não podemos enxergar apenas Lajeado, e precisamos de treinamento”, ressalta. Conforme Fontana, o trabalho de diagnóstico da região serve justamente para fornecer essas informações. Porém, reforça a necessidade de definir quais empreendedores estão dispostos a se engajar em um projeto para o setor. O turismo depende da parceria entre empresas e entre o poder público e o setor privado.” – Regina Cardona, Consultora do Sebrae “Precisamos qualificar as pessoas dos hotéis e restaurantes para oferecer esses destinos”, reforça. Para o presidente da Amturvales, o turismo de eventos também pode ser uma solução para ampliar a visitação regional. Lembra que hoje existe um calendário anual de eventos, mas não de forma detalhada. Segundo ele, a partir do plano regional, será possível aprofundar o calendário e ampliar as informações disponíveis aos visitantes. Recursos para o setor Prefeito de Muçum, Lourival Seixas falou sobre a dificuldade dos municípios pequenos em obter verbas para o turismo, ou mesmo justificar investimentos no setor. “É triste ver que estamos entre 15 prefeitos, se a Amturvales beneficia toda a região e somos 37 municípios”, lamenta. Segundo Seixas, entre 2013 e 2014, a região apostou demais no trem turístico, que acabou não se concretizando, enquanto outros atrativos ficaram para trás. O prefeito afirma que a população aguarda por investimentos do poder público, mas que lojistas, donos de restaurantes e hotéis também precisam cumprir seu papel nesse processo. “Os empreendedores precisam procurar mais os prefeitos.” Conforme Seixas, a integração entre os municípios é difícil, mas o trabalho da gestão atual é capaz de retomar a credibilidade da Amturvales, facilitando a aproximação entre os gestores públicos. “Vamos chegar ao ponto que queremos, mas para isso cada município precisa levar essas ideias para seus moradores”, acredita. É triste ver que estamos entre 15 prefeitos, se a Amturvales beneficia toda a região e somos 37 municípios.” – Lourival Seixas, Prefeito de Muçum Regina falou sobre a existência do Fumtur, fundo que pode ser criado para o desenvolvimento do turismo. Conforme ela, nos locais onde o fundo está instituído, um percentual pequeno do que é pago por clientes de restaurantes, hotéis e demais serviços é destinado para o Funtur, e os recursos geridos pelo Conselho do Turismo. “Precisamos acreditar no setor, mas para isso é preciso de recursos”, aponta. Para a consultora do Sebrae, os municípios costumam se equivocar ao usar como modelo a cidade de Gramado. Lembra que o tipo de turismo desenvolvido no município da Serra Gaúcha é de massa, portanto, predatório. Segundo ela, o modelo mais adequado para o Vale do Taquari é o desenvolvido no Vale dos Vinhedos, com viés comunitário. Simplicidade e hospitalidade Idealizador do Passeios da Colônia, Alício de Assunção falou sobre o projeto que colocou a região no mapa dos roteiros turísticos para caminhadas. Segundo ele, a iniciativa nasceu em 2011, em Marques de Souza. “Estava em casa, tomando chimarrão, quando vi um grupo de pessoas caminhando sem objetivo. A partir daí surgiu a ideia de fazer um roteiro.” Após um início tímido, o Passeios da Colônia cresceu. Desde o surgimento do projeto, foram 96 caminhadas por 167 localidades. “As pessoas são atraídas pelo encantamento das coisas simples do interior”, resume. Hoje, a venda dos passeios ocorre mais pelas redes sociais, e cerca de 80% das pessoas que participam de um evento acabam retornando. Além disso, o trabalho também ajuda a elevar a autoestima de comunidades antes esquecidas. Precisamos qualificar as pessoas dos hotéis e restaurantes para oferecer esses destinos.” – Cristian Locatelli, Empreendedor Proprietária de uma agência de turismo, Tatiane Gärtner acredita que o Vale precisa enaltecer uma característica para se vender. Para ela, o diferencial é a hospitalidade. “Nossos empreendedores atendem o turista como uma pessoa especial, pois não temos turismo em massa”, reforça. Tatiana trabalha com turismo receptivo faz sete anos, mas alega ser impossível sobreviver somente com essa modalidade no contexto atual. “Um dia isso acontecerá”, acredita. Para tanto, reitera a importância do diagnóstico sobre o turismo. Segundo ela, será possível determinar a capacidade de receber os visitantes, seja nos hotéis, ou mesmo de quantidade de guias disponíveis para atender os grupos. Raio X do turismo 05_AHORA2 A Amturvales realizou entre maio e outubro o diagnóstico do turismo regional. Três turismólogas da entidade visitaram 39 municípios para avaliar as potencialidades e deficiências de cada localidade. Conforme o estudo, 31 cidades do Vale estão com a documentação em dia no Ministério do Turismo e, portanto, estariam aptos a receber recursos federais. Ao todo, 34 agências de turismo estão registradas no Vale. Dessas 16 afirmaram ter pacotes ou ter interesse em oferecer roteiros regionais. Ao todo, foram identificados 60 alojamentos, entre hotéis e pousadas que resultam em 388 empregos diretos e 19 indiretos. Destes, 33 possuem condições adequadas de acomodações, enquanto os demais precisariam de melhorias. Nossos empreendedores atendem o turista como uma pessoa especial, pois não temos turismo em massa.” – Tatiane Gärtner, Empreendedora Foram visitados 283 empreendimentos no ramo da alimentação, que geram 1,8 mil empregos permanentes e 400 temporários. No total, foram identificados 396 atrativos turísticos na região, divididos em atrações naturais culturais e privadas, dos quais 177 estão prontos para receber turistas. Cada município receberá um diagnóstico detalhado sobre suas potencialidades e pontos a melhorar. A intenção é criar um plano de turismo para cada uma das cidades, e integrar todos em um plano regional. De acordo com Rafael Fontana, o diagnóstico resultará em ações já para 2018. Uma das propostas é a ter uma operadora regional de turismo, por meio da Amturvales ou de uma instituição privada. As pessoas são atraídas pelo encantamento das coisas simples do interior.” – Alício de Assunção, Empreendedor “Também precisamos de um aplicativo de turismo regional, um portal para o setor e presença nas redes sociais”, aponta. Um dos pedidos da rede hoteleira, lembra, é a criação de um display onde se possa colocar os folhetos com os atrativos, além de cartões de produtos e serviços regionais. Outra iniciativa em avaliação é um plano de divulgação do turismo regional nos meios de comunicação locais, além da elaboração de material impresso com informações do setor. A partir de janeiro, a intenção da Amturvales é implementar roteiros de caminhadas auto-guiadas em cada município, por meio de uma parceria com o Passeios da Colônia, sem custo para as prefeituras. Thiago Maurique: thiagomaurique@jornalahora.inf.br Crédito das fotos: Thiago Maurique Jornal A Hora

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