Vale do Taquari-Nas obras de duplicação da BR-101, que liga o país de norte a sul, uma perereca atrasou os trabalhos e causou polêmica. Uma situação parecida também pode comprometer os investimentos na BR-386, que começou a ser duplicada em novembro do ano passado, entre as cidades de Estrela e Tabaí. Mas por aqui as ameaças são outras: a não liberação do trecho da estrada que passa na área indígena, em Estrela, pela Fundação Nacional do Índio (Funai), e a demora da autorização do Ibama para a retirada de material de aterro de 15 jazidas situadas no segmento.
A preocupação foi apresentada na tarde de ontem, por representantes da Conpasul, líder do consórcio executor das obras, para lideranças regionais, como integrantes da Comissão Pró-Duplicação e de entidades, prefeitos, deputados federal Daniel Fontana (PT) e estadual Luís Fernando Schmidt (PT), além da imprensa. No encontro, realizado na sede da empresa, em Estrela, o diretor técnico Assis Avante Júnior, a engenheira ambiental Iasmine Augustin e o engenheiro Cláudio Navossati fizeram uma breve apresentação de pontos importantes dos trabalhos e alertaram sobre as duas ameaças que podem prejudicar o cumprimento do cronograma das obras.
De acordo com o diretor técnico da Conpasul, atualmente os serviços estão rigorosamente dentro do previsto e, se o ritmo for mantido, a duplicação dos 34 quilômetros pode ser antecipada em até seis meses. "Hoje temos 28% do total a ser duplicado liberado para trabalhar. E nesses pontos estamos fazendo tudo o que já é possível. Mas como ainda dependemos de liberações para dar continuidade ao projeto, há o risco de o trabalho ser suspenso e a obra se estender mais do que o previsto", destaca. Júnior explica que se até o final de fevereiro o Ibama não emitir a licença para a retirada do aterro das jazidas, o trecho que já está em terraplenagem vai ficar comprometido, assim como o restante da rodovia. Nesse local, o início da pavimentação está previsto para março, mesmo mês que deve se iniciar a construção da elevada, em Fazenda Vilanova.
"Agora dependemos da negociação entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e o Ibama", emenda. Além da necessidade da liberação das jazidas, o consórcio construtor aponta a importância de conseguir a aprovação da Funai até o mês de maio, para não mexer no ritmo de trabalho. A área onde fica a aldeia indígena, num total de nove quilômetros, integra os 72% do trecho a ser duplicado que ainda está parado. "No futuro teremos problemas se não resolvermos agora essas ameaças", avisa Júnior. "A empresa quer cumprir os prazos do contrato, mas sem material e autorização para trabalhar isso não será possível. Nós estamos ficando estrangulados."
Vistoria
Após a reunião de pouco mais de uma hora, na sede da Conpasul, o grupo realizou uma vistoria na obra de duplicação da BR-386. A primeira parada foi nas proximidades do trevo de acesso a Bom Retiro do Sul. Desse ponto até a cidade de Teutônia, totalizando 5,6 quilômetros, foi liberada, há uma semana, a retirada de epífitas (plantas) e limpeza. Na sequência, a parada foi na área que já recebe a terraplenagem, logo após o pedágio de Fazenda Vilanova.
"Hoje temos
28% do total
a ser duplicado liberado para
trabalhar."
Simone Wachholz